terça-feira, 13 de julho de 2010
Brejo da cruz
Brejo da Cruz
Chico Buarque
A novidade
Que tem no Brejo da Cruz
É a criançada
Se alimentar de luz
Alucinados
Meninos ficando azuis
E desencarnando
Lá no Brejo da Cruz
Eletrizados
Cruzam os céus do Brasil
Na rodoviária
Assumem formas mil
Uns vendem fumo
Tem uns que viram Jesus
Muito sanfoneiro
Cego tocando blues
Uns têm saudade
E dançam maracatus
Uns atiram pedra
Outros passeiam nus
Mas há milhões desses seres
Que se disfarçam tão bem
Que ninguém pergunta
De onde essa gente vem
São jardineiros
Guardas noturnos, casais
São passageiros
Bombeiros e babás
Já nem se lembram
Que existe um Brejo da Cruz
Que eram crianças
E que comiam luz
São faxineiros
Balançam nas construções
São bilheteiras
Baleiros e garçons
Já nem se lembram
Que existe um Brejo da Cruz
Que eram crianças
E que comiam luz
Há mais ou menos 3 dias, tenho estado com essa música na cabeça.
Resolvi postar um comentário sobre ela, pois tem me remetido ao fato que, muitas pessoas ultimamente, e espero sinceramente que você leitor não seja uma delas, depois que "...passam pela rodoviária...", parafraseando O Poeta, "... Já nem se lembram/Que existe um Brejo da Cruz/Que eram crianças/E que comiam luz."
Por vezes tenho me "pescado" pensando nisso, quando será que iremos definitivamente acordar para o simplies fato de que já fomos, e pelo menos eu pretendo voltar a ser, crianças e comíamos luz? Será 2012? Será amanhã? Será nunca? Resposta difícil, pois cada um tem seu processo e, infelizmente a vida dá conta de afastar de nós aquelas pessoas que se desalinham conosco, mesmo quando há extrema afinidade, entretanto há também desacordo de pensamentos...
Por mais que haja conversa, parecem não entenderem, alguns, que tem-se que "ficar azul, e desencarnar lá no Brejo da Cruz", e mesmo nesse "Brejo da Cruz" infelizmente, às vezes, separamo-nos, talvez, infelizmente, para aí sim, nunca mais nos vermos...
É triste, entretanto, temos apenas que conscientizá-los que, façam o que fizerem, estamos sempre de olhos bem atentos a estes. Pois sabemos que um dia eles hão de chegar juntos de nós, mesmo que demore uma eternidade, pois somos eternos, e não temos pressa...
Só é válido dizer, na minha humildíssima opinião, que ficaria feliz se caminhássemos sempre juntos em direção ao Pai Maior, lembrando a estas pessoas sempre que ainda estamos em tempo e, se quiserem, sempre terei passagens sobrando....
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