Ha exatos 366 dias atrás, saia de circulação das bancas brasileiras a Revista BIZZ, uma das maiores, senão a maior publicação sobre música e músicos de verdade deste país. Na época, como fã fiquei desapontado e, revoltei-me até pois não entendi direito o porquê de tal atitude por parte da editora. Hoje, mais maduro, compreendo e, explico aqui a você(s) leitor(es) o motivo disso, ou o quê eu penso que seja o motivo.
BIZZ era e, continuará sendo, pelo menos pelos próximos 10 anos, sinônimo de polêmica no mundo da música. Eles eram simples, falavam mal do que era ruim e, elogiavam os bons, e ser bom pra BIZZ era ser bom pro músico crítico brasileiro e, pro leitor eventual. Ocorre que, de uns 3 anos para a parada da publicação da revista, eles raramente elogiavam, chegaram até em várias edições a criticar o governo e a sua ridícula campanha cultural na era GIL que, em todo o mundo da música imaginava-se maravilhosa.
Essa queda no número de elogios e consequente aumento no número de críticas, que, realmente nos últimos meses da revista foram excessivos, foi a causa principal da parada de publicações. E, a questão que pretendo entender aqui é, porquê houve essa mudança.
No Editorial da última revista, disseram que a música esta(va) afundando num poço fundo e, sem volta. Na época, disse que não, pois eu via cantoras e bandas com propostas muito interessantes pipocarem aqui e ali, a BIZZ, talvez por uma brusca queda nas vendas também, disse que o que eu enxergava, não agüentaria o peso de carregar a música nas costas. Discordei porque eu tenho mania de acreditar nas pessoas.
Hoje, vejo que a situação é tensa, não há o que se elogiar na música, quando não estou ouvindo Beatles, ouço Kinks, de novo ouço RadioHead, que graças a falta de preparo vai se desfazer daqui a pouco, já que desde que lançaram o In Rainbows não sabem como divulgá-lo e por isso não fazem mais shows e estão sem dinheiro. Ouço também Amy Winehouse, mas, a música POP e boa de verdade, aposto com você(s) dura o mesmo tanto que essa menina, até o meio do ano que vem, se muito...
Aqui no Brasil a situação é pior ainda, há uma tentativa vergonhosa de se voltar a era de ouro da Tropicália, inclusive com Mutantes influenciando o trabalho de Coldplay, os ingleses tentaram fazer uma versão para Tecnicolor "homenageando" Arnaldo Baptista, não deu muito certo, infelizmente...
Fora isso, ainda aqui no Brasil bandas dos anos 70 e 80 tentam recuperar seu folêgo, mas, em meio às tchutchucas, danças do quadrado, e batidões sem sentido, não decolam.
Aparentemente, a música não encontra solução aqui nas terras verdes não, já que até Tom Zé já embarcou nessa do Batidão no carro com a história dos "Ouvidos Internos" que, creio eu, só ele tem.
Em resumo, eu estou desistindo, não é culpa minha se a minha geração quer ser lembrada como a geração em que a maior voz negra-branca da música mundial morreu por causa de excesso de drogas. Se eles querem ser lembrados pelo despertar dos "ouvidos internos" de um velho de 70 anos. Se eles não prestam mais atenção nas letras da músicas, é segundo a MTV 73% dos jovens brasileiros não sabem cantar nem a 1ª estrofe de suas músicas preferidas. E eu não vou mudar ou tentar mudar esses conceitos da cabecinha de vento da minha geração
O quê me deixa feliz é que ainda há algumas saaras, pessoas que são mal vistas pela sociedade comum e deturpada de hoje em dia, mas em seus guetos, eles ouvem seus Pink Floyds, lêem seus Vitor Hugos e pensam em maneiras, impossíveis, de mudar o mundo. Nessas saaras é que eu vou começar a embarcar, pelo menos o meu mundo vai ser melhor que o do resto da geração
quarta-feira, 13 de agosto de 2008
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2 comentários:
E depois de muito tempo... hhuehueheueheehheuh
De volta ao recanto.
Boas palavras as suas!
Obrigado...
Saudades suas.
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